terça-feira, 27 de agosto de 2013
Eletricista que salvou cinco em desabamento se arrastou para escapar
O eletricista Bento Lopes, 37, trabalhava no
acabamento do prédio que desabou na manhã
desta terça-feira na região de São Mateus, na
zona leste de São Paulo, e afirmou que escapou
por pouco. "Achei que ia morrer, não dá nem
pra falar o que foi", afirmou ele.
"O teto desabou e foi levando tudo. Corri para
um quarto, duas paredes caíram, mas o teto
ficou. Só bati um pouco o braço, nada grave.
Quem me salvou foi Deus", afirmou Lopes, que
conseguiu tirar cinco pessoas dos escombros.
Para sair, ele disse ter arrastado o corpo por
entre os escombros e encontrado espaço ao lado
de caixas de piso, que seguraram as lajes e
criaram espaço para sua fuga.
Durante a tarde, ele foi levado pela PM ao 49º DP
(São Mateus) para prestar depoimento. Lopes
disse que seu celular ficou no desabamento e só
sossegou quando conseguiu avisar a mulher e a
filha, de 15 anos, que estava tudo bem quando
usou o telefone de um amigo.
Após prestar depoimento, ele voltou ao local no
início da noite para acompanhar o resgate dos
colegas de trabalho.
O imóvel que desabou tinha dois pavimentos e
ficava na avenida Mateo Bei, altura da rua
Margarida Cardoso dos Santos. No local estava
em construção uma loja de roupas. Antes, o
endereço abrigava um posto de gasolina. Ao
todo, cerca de 35 pessoas estavam no prédio.
Segundo os bombeiros, seis pessoas morreram
na queda e outras 24 ficaram feridas. Por volta
das 16h, as buscas no local continuavam com
sete cães farejadores e 200 pessoas, sendo 113
bombeiros e policiais. Quatro casas em volta do
local também foram atingidas e estão
interditadas.
Entre os desaparecidos estava Felipe Pereira dos
Santos, 20. Segundo seu pai, Francisco Feitosa
Filho, 37, o jovem trabalhava no almoxarifado do
canteiro e funcionário da Salvatta Engenharia. "Ele
trabalhava numa loja, mas mudou de emprego
porque iria ganhar um pouco mais. Fazia duas
semanas que ele estava trabalhando", disse.
ALVARÁ
Segundo a Prefeitura de São Paulo, a obra que
desabou não tinha alvará necessário para
construção. De março para cá, o
empreendimento já tinha sido multado duas
vezes.
Em 13 de março, a Subprefeitura de São Mateus
emitiu um auto de intimação e um auto de multa
--no valor de R$ 1.159-- por falta de
documentação no local da obra. No dia 25 do
mesmo mês, a subprefeitura emitiu outra multa
pelo não cumprimento da intimação anterior, no
valor de R$ 103.500, e embargou a obra.
No dia 10 de abril, os engenheiros responsáveis
apresentaram o pedido de Alvará de Aprovação
de Edificação Nova na subprefeitura. Porém, não
foi pedido o alvará de execução da obra. Mesmo
assim, eles deram início às construções. Os
engenheiros recorreram das multas, o que ainda
está sendo analisado pela prefeitura.
"De acordo com o Código de Obras, a obra só
poderia ter sido iniciada, mesmo sem resposta da
subprefeitura, caso tivessem decorridos os
prazos dos dois pedidos, ou do pedido conjunto
(alvará de aprovação e alvará de execução). Ainda
assim, a obra ficaria sob inteira responsabilidade
do proprietário e profissionais envolvidos e
estaria sujeita a adequações ou até demolição",
diz nota da prefeitura.
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